Mutantes
Mutantes (Polydor, 1968) - Produção: Manoel Barenbein. Primeiro álbum do grupo. É o disco tropicalista da banda. Espécie de carta de princípio, reúne em suas 11 faixas um pouco das propostas e possibilidades futuras. Com arranjos de Rogério Duprat e as participações de Jorge Ben no violão e voz e do baterista Dirceu. Duprat faz um mixer das propostas "fundamentalistas" da Tropicália - Panis et Circenses, Bat macumba e Baby - com a irreverência anárquica dos Mutantes. Fazendo de todos os absurdos, todas as incosequências: possibilidades - confrontar o principal parceiro de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira (Adeus Maria Fulô) com a existencialista-pop Françoise Hardy (Le Premier Bonheur du Jour); misturar Jorge Ben (A Minha Menina), com uma versão (não creditada, do pai César Dias Baptista) de uma semi-conhecida canção do grupo norte-americano The Mamas and The Papas (Tempo no Tempo / Once There was a Time i Thought) a uivos pré-históricos em homenagem a Gengis Khan (Ave Gengis Khan) e uma paródia kafkaniana (Senhor F). Completam o álbum: O Relógio e Trem Fantasma. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
O grupo no início dos anos 70, da esquerda para direita estão: Sérgio, Rita e Arnaldo.
A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (Polydor, 1970) - Produção: Arnaldo Sacomani. Depois de reler o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, os Mutantes partem rumo ao inferno da Divina Comédia e reconstrói o poeta italiano Dante Alighieri em versão pop-psicodélica. Se o álbum anterior foi experimental, este de 70 é - no sentido mais amplo - revolucionário. Nunca, na história da música brasileira, um grupo/artista foi tão longe em radicalidade. A Divina Comédia dos Mutantes jogou por terra todas as divisões e segmentações musicais, pop - experiência - vanguarda - cafonice - rigor - informalidade - rock, tudo se fundiu. Roberto Carlos & Erasmo Carlos (Preciso Urgentemente Encontrar um Amigo) com Sílvio Caldas & Orestes Barbosa (Chão de Estrelas - o melhor arranjo - de Rogério Duprat - já realizou na MPB) bate cabeça com Dante (Ave Lúcifer e Oh! Mulher Infiel. Ao quinteto - Arnaldo - Dinho - Liminha - Rita & Sérgio), se juntam, em participações mais do que especiais: Raphael Vilardi, violão e voz; e o percussionista Naná Vasconcelos. Nos arranjos, o tom magistral de Duprat. (Marcelo Dolabela - bhz out/nov 1999).
1970 - A Divina Comédia Humana
Rita, Arnaldo e Sérgio
A trupe e o inseparavél "Dune Buggy" em 1972, da esquerda para direita estão: Rita, Sérgio e Arnaldo.
1972 - Os Mutantes e seus Cometas no País do Baurets
Logo após a saída de Rita, em 1973 da esquerda para direita estão: Liminha, Arnaldo, Sérgio e Dinho.
Durante as gravações do álbum "Tecnicolor", em Paris 1970. Da esquerda para direita estão: Sérgio, Arnaldo, Rita, Liminha e Dinho.
Tecnicolor (Universal, gravado em1970 e lançado em 1999) - Produção: Carl Holmes. "Tecnicolor" – a penúltima última viagem dos Mutantes. Existem coletâneas e coletâneas de sucesso. Na maioria das vezes, são sofríveis. Acompanham o bel-prazer – ou desprazer – das gravadoras. Quase sempre, com a pretensão de atualizar a obra do artista a onda do momento. Se o período é de romantismo, a coletânea deve trazer as canções mais melosas do artista. Sem dúvida, a primeira grande obra dentro desse formato (coletânea) foi a gravação do álbum "Tecnicolor" dos Mutantes, em 1970. Era, ao mesmo tempo, uma brincadeira e um passo à frente, uma coletânea e um álbum de carreira. Pois dava nova roupagem para canções já lançadas pelo grupo. Novas roupagens realmente. Não uma gravaçãozinha com um adereço a mais. O grupo, em sua proposta de "revolução permanente", sem medo e sem pudor, revirou e reviu as entranhas de sua história. Segundo Carlos Calado, "Tecnicolor" é um "título virtual", provavelmente bem posterior. O álbum foi gravado em Paris, em novembro de 1970, no Des Dames Studio. Sob a produção de Carl Holmes. O álbum, para seguirmos um conceito da época, faz uma coletânea de versões na melhor acepção do Poema/Processo. Isto é, versões a partir de obras primeiras que se transformam em novas obras. Esse álbum dos Mutantes foi gravado antes do "último" ("Mutantes & Seus Cometas no País dos Baurets") e só lançado duas décadas depois. O disco é uma antologia especial. Pois reúne repertório recente, do álbum "Jardim Elétrico", do ano: "Virgínia"; "Tecnicolor"; "El justiciero" e "Saravah", com sucessos anteriores. Os "hits" tropicalistas: "Panis et circences" (em duas versões); "Bat macumba"; "She’s my Shoo Shoo" (isto é, a jorgeben-tropicalista "A minha menina") e "Baby", a canção mais regravada pelos Mutantes (três versões); os clássicos "I feel a little spaced out" ("Ando meio desligado"); "Adeus Maria Fulô" e "I’m sorry" ("Desculpe, babe"); e o tributo aos anfitriões franceses, uma regravação de "Le premier bonheur du jour", já gravada no primeiro álbum do grupo.O efeito-Mutantes da empreitada é que o grupo, não se fazendo de rogado, traduziu quase todas as letras para o inglês. Exceto, obviamente, a concretista e intraduzível "Bat macumba", a brejeira "Adeus Maria Fulô" e a canção francesa. "She’s my Shoo Shoo" ficou mais Jorge Ben ainda. O refrão original, em português, só aparece como coda."Tecnicolor" foi lançado em 2000. Além da surpresa pela modernidade sonora, trouxe ilustrações e textos manuscritos assinados por Sean Ono Lennon. Isso mesmo, o filho "inteligente" de Yoko Ono e John Lennon. Que, reza a lenda, disse julgar mais revolucionário o grupo brasileiro do que o olímpico grupo do pai. A colaboração estrangeira foi vista como algum incomodo. Pois, como sempre, a crítica especializada brasileira achou que Sean não era a pessoa mais indicada para conceber a capa. Bobagem, "fosse um dia de sol", como diria Oswald de Andrade, o preconceito tupiniquim entenderia que esse gesto foi mais uma confirmação de que nosso "Astronauta Libertado", a cada dia que passa, por mérito, é mais entronizado no Panteão do pop-rock mundial. E que se aprenda de uma vez, parafraseando, Tom Jobim, Os Mutantes, assim como o Brasil, não é uma coisa para amadores.(Marcelo Dolabela - bhz out/nov 2005).
Sem Arnaldo, da esquera para direita estão: Sergío, Manito, Liminha e Dinho.
Decidindo levar o grupo a frente, Sérgio depois de Arnaldo ter saído do grupo, optou por chamar o multi-instrumentista Manito (ex-"Incríveis" e "The Clevers"), para substituir Arnaldo. Após alguns shows com a banda, ficou evidente que apesar de ser um músico de primeira linhagem, ele não possuía o carisma e o humor de Arnaldo. Sendo assim, o próprio Manito, após algumas semanas, decidiu deixar o grupo. Sérgio não desistiu e chamou para o lugar de Manito o tecladista mineiro Túlio Mourão (ex-"Veludo Elétrico"). Apenas algumas semanas após a entrada do novo tecladista, o vodu novamente se fez presente nos "Mutantes". Dessa vez, o baterista "Dinho", reclamando de problemas em sua mão, decidiu sair do grupo. Após vários testes frustrados com bateristas de São Paulo, Túlio indicou o carioca Rui Motta (outro ex-"Veludo Elétrico"). Tendo passado todas essas "turbulências", o grupo decidiu-se mudar para Petrópolis, no Rio de Janeiro, no início de 1974. A banda entusiasmada pelo novo contrato com a gravadora "Som Livre", ensaiou exaustivamente durante um mês, para a gravação de um novo álbum. Quando tudo parecia estar novamente correndo bem para o grupo (já estavam até com as datas do início das gravações marcadas), "Liminha" e Sérgio tiveram uma grave discussão sobre os rumos que a banda estava tomando. O baixista insatisfeito decidiu sair. O impacto da notícia caiu com uma verdadeira bomba sobre a cabeça de Sérgio. Era como se a banda e os amigos que ele tanto conhecia, do dia pra noite, tivessem simplesmente desaparecido. E ele se viu ao lado de sujeitos que mal conhecia. A solução foi chamar Antônio Pedro de Medeiros (ex-"Veludo". Antigo "Veludo Elétrico"). Assim em novembro de 1974, saiu o Lp "Tudo Foi Feito Pelo Sol" (considerado por muitos como o melhor disco progressivo brasileiro).
Formação do álbum "Tudo foi Feito pelo Sol" da esquerda para direita estão: Rui Motta, Túlio Mourão, Sérgio e Antônio Pedro de Medeiros.
1974 - Tudo foi Feito pelo Sol
01. Deixe entrar um pouco d'água no quintal
02. Pitágoras
03. Desanuviar
04. Eu só penso em te ajudar
05. Cidadão terra
06. O contrário de nada é nada
07. Tudo foi feito pelo sol
Formação que gravou o álbum "Mutantes ao vivo" em 1976 de cima para baixo estão: Rui Motta, Sérgio, Luciano Alves e Paul de Castro.
01. Anjos do Sul
02. Benvindos
03. Misterios/Daca Dos Ventos
04. Sagitarius
05. Esquizofrenia
06. Rio de Janeiro
07. Rio de Loucura Pouca E Bobagem
08. Hey Tu
09. Rock'n Roll City
10. Tudo Explodindo
11. Grand Finale
12. Anjos Do Sul
1 Comentários:
Grande post, parabéns.
Mas o link para "1968 - Os Mutantes" está quebrado no rapidshare.
Por favor, se for possível, posta novamente ou envia um novo link por e-mail.
Há muito tempo procuro este disco.
Meu e-mail: phodown@tutopia.com.br
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