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21 de novembro de 2006

Zé Geraldo

Montagem, Links: Lemmy


"Por volta dos meus 22 anos, fui passar as férias de fim de ano com minha família em Governador Valadares e, no último dia do mês de março, embarquei de volta pra São Paulo no ônibus número 90 da Viação Transcolim. Tinha passado o dia jogando bola às margens do Rio Doce e, por estar cansado, pensei que fosse dormir com facilidade. Qual nada. Saímos de Valadares às 5 da tarde e por volta das 9 da noite paramos pro café em Realeza. Comi um churrasco de gato, tomei uma ampola dupla de caipirinha e lá vamos nós pra estrada. Já estava meio adormecido quando, de repente, uma mistura de barulho de motor, pneus arrastando no asfalto, gritos, e não era pesadelo não. Era real. Quando percebi o que tinha acontecido já estava na enfermaria do Hospital de Carangola, onde passei praticamente um ano para me recuperar das diversas fraturas. Este acidente mudou completamente a minha rota."

Neste dia fatídico, o Brasil perdeu um dedicado e apaixonado jogador de futebol e ganhou um de seus maiores cantadores e violeiros.

Zé Geraldo saiu menino da pequena cidade de Rodeiro, hoje com 4 mil habitantes, perto de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Passou boa parte da juventude em outra cidade mineira, Governador Valadares. De lá, veio para São Paulo, onde conheceu o Trio Snacks, formado por Edson Trindade, Altair e Fernando. Os quatro foram morar na mesma casa e, pouco tempo depois, acolheram um novo amigo recém chegado dos Estados Unidos, Tim Maia.

Depois de vários anos cantando em bailes, passou a participar de festivais. Nessa época, despedia-se do apelido de Zegê. Quem nascia era Zé Geraldo.

Somando 21 anos de carreira, Zé roda o Brasil, invariavelmente, lotando os locais onde se apresente. Recentemente, tocou pela primeira vez em Salvador e voltou com a certeza de que o público baiano o quer por lá muito mais vezes.

Público, aliás, é assunto sério quando se fala em Zé Geraldo. O artista conquistou uma legião de fãs fidelíssima, que o acompanha desde 1979. Os próprios colegas cantores comentam que Zé não tem fãs. Tem seguidores. Um dos exemplos de tamanha empatia é a recente homenagem que Zé recebeu em Rodeiro. Foi construída, na entrada da cidade, uma estátua sua. Há poucos dias, a irmã de Zé Geraldo telefonou informando-o que a estátua está rodeada de velas. Uma espécie de São Zé Geraldo? Não importa. "Eu acredito que a maioria dessas velas são de pessoas que gostam de mim e que querem me proteger". Sem dúvida. Até porque, como o próprio Zé diz, Rodeiro é lugar que respira amizade e afabilidade. Eis um dos principais atrativos da região.

Cantador de Senhorita, Milho aos pombos, Banquete de hipócritas e tantas outras, Zé Geraldo é ídolo apesar da insensibilidade de uma mídia tão voltada para cifrões como tem sido a brasileira. Lançou no final do ano passado o CD "O Novo Amanhece", fruto de um show em parceria com o amigo Renato Teixeira. É este trabalho que tem levado aos palcos do Brasil, Estados Unidos e Canadá. Agora, Zé deve seguir para a Alemanha. "Quero ver se Michael Schumacker é bom piloto". Talvez não possa competir com o alemão nas pistas, mas, certamente, sairá vencedor no palco. Os brasileiros que vivem em solo europeu vão ganhar esse presente em breve.

(Evanize Sydow)


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